Menstruação e mergulho – mitos e verdades

Estava no carro com o coração apertado e acelerado dirigindo até a piscina onde faria nossa avaliação física da prova de Divemaster. Turma toda apreensiva, havia, pelo menos, 4 meses que todos nós estávamos treinando para a prova. Avaliação de aquacidade era fácil, afinal de contas, boiar pra mim é uma coisa muito simples, independente do tempo! Exercício de resgate parecia um repeteco do Rescue Diver e não me trazia muita preocupação, mas a prova física…xiii. Essa sim era um total desconhecido. Lembrei da época da escola em que havia me metido numa competição de natação, cheguei em 4° lugar (das 4 competidoras envolvidas). Eu, definitivamente, não nasci para cumprir tempo na água. Pelo contrário, meu negócio na água é de total relaxamento, calma, gastar tempo ali naquele hábitat que tanto me envolve.

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Dois dias antes da prova, no SESC, durante nossos treinamentos, o JP marcou meu tempo para a prova mais difícil: nadar 400 metros sem parar, sem o auxílio de equipamentos de natação e usando qualquer estilo ou combinação de estilos de nado. Quase botando os bofes pra fora, fiz o tempo de 10 minutos e 30 segundos. Abaixo, vocês verão que o importante mesmo é não parar de nadar. Mas o ideal, para ficar tranquilo na pontuação mínima de toda a prova física, seria conseguir 3 pontos nesta prova, o que significava nadar entre 8:40 e 11 minutos! Putz, isso me corroía! Mas 2 dias antes tinha dado conta do recado.

Entramos os 8 candidatos a Divemaster na piscina para fazer 2 baterias de 4 candidatos para esta, que seria a primeira prova e também a mais tensa pra todo mundo. Entre nós havia mais uma mulher e um bombeiro. Eu estava absolutamente tensa e comecei a sentir uma dor na barriga! Pareciam…..”cólicas!?!?”. Era só o que me faltava!!! Dentre toda a tensão, sim, apesar de não estar previsto aquilo naquele fatídico dia, era o que imaginava. Constatei quando fui ao banheiro aliviar a bexiga minutos antes da prova e vi o tal vermelhinho no papel. A tal menstruação. PUXA VIDA! Bom, pra completar eu também não tinha remédio pra tomar e logo avisei o instrutor que eu estaria meio defasada por conta disso, mas que faria a prova. Ele me tranquilizou dizendo que se não fizesse naquele momento, poderia marcar outro dia com ele e tudo certo. Neste instante, fiquei absolutamente tranquila, pois se desse algo de errado (tipo não atingir o tempo mínimo esperado na prova), poderia fazer em outro dia. Ou seja, eu levei certa vantagem e isso me tranquilizou. Permanecia dentro d’água durante o tempo todo para que nada “vazasse”. E assim foi, completei todas as provas, a cólica nem pegou, porque depois que relaxei, ela foi embora junto com a preocupação.

No mergulho, haverá dias de estresse hormonal, e é claro que isso afetará o corpo da mulher! Quem nunca passou por situação parecida, não é mesmo? Assim como na piscina (e fora da água), é possível sim controlar toda a “operação”. Então aí vão 5 itens que vão te ajudar a refletir sobre o assunto:

 

#1: Tubarões não perseguem mulheres menstruadas

Não! Não há histórico de acidentes com tubarões que perseguem mulheres mentruadas nos mergulhos. No Brasil, em geral, você dificilmente encontrará estes animais. Se um dia você for pra Bahamas fazer um shark dive e estiver menstruada bemmmm no dia, limpe-se, coloque um absorvente interno e bora pro abraço! Informações recentes constataram que tubarões não são atraídos pelo sangue ou outros restos teciduais encontrados na menstruação.

 

#2: ROUPA DE NEOPRENE NÃO MARCA

“Marcar a roupa de sangue”? Oi? Vamos combinar, gente: a roupa de neoprene, normalmente, tem 3 mm de espessura, pelo menos, e é preta! Portanto, se algo “vazar”, estará segura!!! Eu nunca vi roupa de neoprene branca, então este realmente não deve ser um problema pra você abortar o dia de diversão subaquática. E se você, por acaso, achar uma roupa de neoprene branca, lembre-se deste detalhe! Uma coisa importante: ter a própria roupa de mergulho foi dos melhores investimentos que eu fiz como mulher. Mesmo não tendo muitas frescuras, isso me dá uma baita segurança de que com as minhas próprias bactérias ninguém se mete! Hehehe! Considere comprá-la.

 

#3: POSSO USAR ABSORVENTE INTERNO NO MERGULHO SIM!

Assim como se usa absorventes internos para ir à praia/piscina, no mergulho é o mesmo. E não, nunca foi registrado nenhum acidente com mulheres que tiveram seu OB violentamente empurrados pra dentro do útero por conta da pressão no mergulho! Isso não existe neste ambiente úmido e preenchido que estamos tratando do nosso corpo. Isso pode acontecer em espaços onde existe ar e que a diferença de pressão entre o espaço aéreo e a profundidade onde estamos seja grande. Nosso canal vaginal não tem a mesma formação de um ouvido e é por isso que não há motivo para esta preocupação. Então, use o OB se seu fluxo é realmente grande e caia na água!

 

#4: MULHERES MENSTRUADAS não tem maior probabilidade de apresentar doença descompressiva

Existem achados sugestivos de que a mulher teria maior risco de apresentar doença descompressiva quando mergulhasse durante a semana de menstruação. Estes achados são descritos na literatura aeroespacial e foram observados em câmaras durante terapias hiperbáricas para outras doenças que não a descompressiva (que se refere à doença dos mergulhadores). A possível explicação para esta suposta predisposição está relacionada com as mudanças fisiológicas que ocorrem durante a fase menstrual, tais como: alterações hormonais, eletrolíticas, reatividade vasomotora e vasoconstrição periférica. Tais mudanças fariam com que as mulheres apresentassem saturação de gases no corpo em mergulhos que necessitassem descompressão, ou seja, no tipo de mergulho que chamamos de recreativo (máximo até 40 m), não há qualquer indício desta alteração e predisposição a ter a doença.

De qualquer forma, vale ressaltar que, em tese, devido à retenção de líquidos e reações teciduais específicas, as mulheres estariam com menos capacidade de liberar o nitrogênio dissolvido após um mergulho. Assim, seria prudente que durante a menstruação as mulheres mergulhassem de maneira mais conservadora (o que normalmente ocorre pelo instinto feminino de viver e ser). Isto é, que mergulhassem menos, que os mergulhos ocorressem em águas mais rasas e que prolongassem as paradas de segurança. No entanto, deve ficar claro que, com base na informação disponível no momento relacionada à prática do mergulho autônomo, as mulheres que estão menstruando não têm risco aumentado de desenvolver doença descompressiva quando comparadas com mulheres que não estão menstruando. Então, se você for do meu grupinho: mulheres conservadoras no mergulho, neste período, seja cautelosa e tente se entender com o teu corpo. A maioria dos problemas no mergulho (sejam homens ou mulheres) normalmente ocorrem porque não damos atenção aos sinais que nosso corpo nos dá repetidas vezes! Seja honesta com você mesma e avalie a sua disposição para a prática do mergulho nestes dias! Mas se você se sente bem, não se agarre nas crendices e teorias não comprovadas por aí. 

 

#5: Seja honesta com os sinais do teu corpo

Em relação ao ciclo menstrual, pode-se dizer que, se a mulher não apresenta sintomas ou desconfortos que afetem a sua saúde, não há motivo para deixar de mergulhar durante a menstruação. Algumas considerações em relação ao fluxo menstrual devem ser feitas. Mulheres que possuem fluxos menstruais intensos podem acompanhar até anemia! Se este for o seu caso, provavelmente ficará cansada mais rápido que em dias em que não esteja menstruada. Isso porque, neste período, toda a dinâmica circulatória do nosso corpo muda e isso afeta muita coisa. Mulheres com fluxos mais brandos quase não sentem nada! Então, não se prive!

Algo bastante relevante é que, sob efeito da pressão durante o mergulho, o efeito dos remédios pode passar! Então, assim como há a recomendação de não mergulhar se você está usando algum descongestionante, pois pode passar alguns minutos depois, para cólica vale a mesma regra. Se você sofre com fortes dores e isso é uma tortura pra você todo mês, é preferível descansar neste dia, pois se você mergulhar sob efeito de remédios para tirar a dor, pode ser que ele passe rapidamente e lembre-se que o barco não vai voltar pra casa quando você desejar. Há sempre mais mergulhadores a bordo! Portanto, pode ser bastante desagradável ter que ficar no barco morrendo de dor enquanto espera todos se divertirem. Na dúvida, leve mais remédios, mas tenha em mente que o efeito do remédio pode passar, ou mesmo baixar tua pressão!

Por fim, seja cautelosa com a tua saúde. Na dúvida, não vá! Mas se você não sente que está se metendo em uma enrascada, vá mergulhar! A melhor regra é aquela quando você ouve teu próprio corpo! =)

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Ficou claro, mulherada?

 

Se tiverem alguma dúvida sobre o post, se quiserem mais alguma dica, escrevam pra gente! Deixe seu comentário abaixo sobre o que você achou do post! Ficaremos felizes em saber tua opinião!

Não se esqueçam, terça que vem tem mais! E o tema é o tal do anticoncepcional! Você toma? Então não perca o post da próxima semana!

Grande beijo e tenham uma semana bastante divertida!

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